Não se trata de um devaneio romântico,
Ou de uma simples sentimentalismo aflorado.
Você não sabe o que é deitar para dormir, e o sono lhe faltar,
Ver os minutos se arrastarem vagarosamente,
Estar aprisionado pelas paredes que te envoltam
Como alguém acusado sem ter o direito de defesa
Que faz do seu leito, um martírio de sofrimento eterno
E somente quando a exaustão lhe toma nos braços,
Oferecendo-lhe algumas poucas horas mal dormidas
Sonhar que a realização de um sonho maior,
Foi apenas o início do que hoje é um pesadelo infindável.
Você não sabe o que é ter que encarar o mundo,
E temer que a verdade seja desvendada se olharem em teus olhos,
Sentir-se sozinho mesmo estando em contato com teus amigos,
Que sempre dão forças, mas sempre tocam na ferida ainda aberta,
Tentando mostrar que, por mais sublime que seja meu sentimento,
O mundo é grande demais e a reprovação de sua família,
Destrói, pouco a pouco os alicerces do mais nobre bem-querer,
Tornando fútil e insana a razão de uma existência,
Como se todos fossem predadores, e eu, uma presa fácil.
Você não sabe o que é satisfazer os desejos do corpo,
Mas ter a alma dilacerada, como se Deus reprovasse meu gesto,
Tocar um corpo alheio, desejando, intimamente
Que fosse o do meu amor,
E sentir repugnância por mim mesmo por usar alguém inocente,
Ou ir contra todos os próprios princípios para demonstrar uma recuperação,
Somente por que a pessoa amada partiu e a distância é imensa,
E temer que esta pessoa tão amada possa estar
Sendo tocada por outro,
Que talvez seja tão medíocre quanto sabes que és,
Mas ter a obrigação machista de estampar
Um sorriso ridículo no rosto.
Você não sabe o que é sentir o ar como um objeto de tortura,
Encher os pulmões e sentir o coração retalhado pelo cheiro,
Porque o vento sempre trás o mesmo cheiro adocicado,
O cheiro mais delicado, a fragrância da pele da pessoa amada,
Que sempre é vista em todos os rostos alheios pelas ruas,
Que se revela no que há de mais simples e fascinante no mundo,
E o cheiro de nosso amor mutilando a alma,
Com a esperança inútil que este mesmo vento aterrorizante,
Traga novamente aquela que é a mais bela de todas as flores.
Você não sabe o que é olhar tua imagem refletida,
E ver uma imagem pálida, sem sequer perspectivas,
Fitar profundamente dentro destes olhos e ver um abismo,
Um abismo sombrio e não mais o reflexo feliz que já existiu,
Ver a reprovação estampada nos traços mórbidos deste rosto,
E sentir que o demônio pessoal explodiu a resistência humana,
Minando as crenças dos que amam tão intensamente,
Transformando um sonho tão lindo e perfeito,
Na realidade de que o amor não é para todos os tolos mortais.
Você não sabe o que é ouvir da pessoa amada que o tempo passou,
Que a distância apagou todas as lembranças vividas,
E que a amizade é a única coisa que pode oferecer,
Ouvir da mesma boca que lhe proporcionou os melhores momentos,
Que não sou o homem ideal para somar com teu futuro promissor,
E que toda a historia que vivemos foi apenas uma aventura infantil,
Uma eloqüência de duas crianças imaturas e irresponsáveis,
Como se pudéssemos controlar ou impedir que o sentimento nascesse,
Ou fizesse diferença, todas as diferenças que temos.
Só entenderá porque preciso acabar com esta desgraça diária,
Quando amar como amei, e ver todos os teus sonhos destruídos
Pelas mãos da pessoa amada.